Projeto Político Pedagógico

Profissionais de Engenharia de Alimentos, Tecnologia de Alimentos, Química, Engenharia Química, Agronomia...
A produção e o consumo de bebidas alcoólicas pelo homem está intimamente ligado a sua evolução histórica, visto que a partir do momento que o homem deixou de ser nômade e iniciou as atividades agrícolas as primeiras formas rudimentares de bebidas alcoólicas surgiram. As civilizações que habitaram a região da Mesopotâmia e Egito começaram uma produção doméstica de cereais que servia para produção de pão e cerveja. O vinho foi a bebida símbolo do povo grego e romano, sendo a base do comércio marítimo em diferentes épocas. Conhaque, rum, uísque e outros destilados tornaram-se importantes a partir do renascimento. Assim como na história mundial, no Brasil a produção de cana-de-açúcar e cachaça caracterizou o período colonial do nosso país (STANDAGE, 2005).
O Brasil é um dos principais produtores de bebidas alcoólicas, sendo que este setor apresenta importância relevante para a economia do país. Esse mercado movimenta anualmente milhões de reais em termos de faturamento e geração de empregos diretos e indiretos. Além disso, a venda de bebidas alcoólica proporciona elevada arrecadação de impostos, pois é um dos produtos mais taxados do país. Dentre as bebidas alcoólicas de maior destaque no Brasil cita-se a cerveja, a cachaça e o vinho (ACSELRAD, 2012).
A produção de vinho no Brasil está em plena expansão e diferentes regiões produzem uva e seus derivados, com destaque para os estados da região sul que são responsáveis por produzirem em torno de 90% da produção nacional. Em 2015 o país produziu um total de 1.499.353 toneladas de uva, das quais 781.412 toneladas foram utilizadas para processamento (MELO, 2016). O Estado do Rio Grande do Sul produziu em 2015, aproximadamente 100 milhões litros de vinho e outros derivados da uva enquanto Santa Catarina foi responsável por produzir em torno de 3 milhões de litros de vinhos finos e de mesa (SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURA DE SANTA CATARINA, 2015-2016).
Em Santa Catarina a produção de uvas e vinhos passou a ter maior destaque no cenário nacional após os anos 2000 quanto a vitivinicultura foi implantada nas regiões de altitude do estado, com destaque para os municípios de São Joaquim, Urubici e Urupema os quais cultivam 51% dos 332,5 hectares de vinhedos de altitude do Estado. Atualmente este é um importante setor para a região do Planalto Sul de Santa Catarina, pois tem oportunizado novos negócios, devido a exploração do enoturismo associada a produção dos vinhos (SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURA DE SANTA CATARINA, 2015-2016).
O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produção de cerveja, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, segundo dados da Kirin Beer University. O setor corresponde a 1,6% do PIB brasileiro e recolhe mais de R$ 20 bilhões em tributos em todo o país. Nos últimos dez anos, a produção nacional cresceu a uma taxa média de 5% ao ano, demonstrando um mercado de muitas possibilidades (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CERVEJA, 2015).
A indústria da cerveja movimenta uma imensa rede que envolve desde a pesquisa, o cultivo, o processamento e a comercialização de insumos e matérias-primas até a entrega do produto ao consumidor final. É um setor que está preparado para acelerar o ritmo dessa expansão, o que significa uma demanda de profissionais da área para atender as necessidades de inovação, de gestão e de produção. Segundo o Portal Cervesia (REINOLD, 2017) e o Sindicerv, em 2011 o Brasil contava com cerca de 170 microcervejarias e trinta cervejarias regionais. A maior parte das empresas do país está localizada nas regiões Sul e Sudeste (80%), com destaque para os estados de São Paulo (24%), Rio Grande do Sul (17%) e Santa Catarina (13%).
Em relação aos destilados, praticamente toda a produção de cachaça do Brasil é consumida no mercado interno, sendo a cachaça o destilado mais consumido no país ocupando o segundo lugar entre as bebidas alcoólicas, ficando atrás somente da cerveja. Seu consumo é quase 5 vezes maior que outros destilados como o whisky (348 milhões de litros) e a vodca (270 milhões de litros) (GOMES, 2017). As exportações, hoje em torno de 15 milhões de litros, revelam um número ainda pequeno se comparado à produção (cerca de 1% do total produzido), mas com enorme potencial a ser explorado pela indústria.
De acordo com pesquisa realizada em 2015, a participação da região Sul do Brasil na indústria de bebidas alcóolicas é de 26% dos estabelecimentos e de 16% dos empregados (DEPEC, 2017), esses dados reforçam a representatividade e a importância do setor na economia da região Sul.
O nível tecnológico utilizado no processo de elaboração de bebidas alcoólicas no Brasil é compatível aos dos países desenvolvidos. O emprego de tecnologia têm proporcionado uma grande evolução qualitativa na produção de vinhos, cervejas, destilados e outros derivados alcoólicos, no entanto o grande desafio para o avanço deste setor é a disponibilidade de mão de obra capacitada que possa atuar de forma a proporcionar inovação, atendendo as demandas de qualidade e os requisitos legais existentes atualmente, contribuindo diretamente para o desenvolvimento do país.
A qualidade é um instrumento fundamental para se obter vantagens no mercado competitivo, pois ela influencia o comportamento do consumidor; logo se faz necessário ter informações acerca do produto, de modo que este possa satisfazer as necessidades e expectativas do consumidor (CAPORALE; MONTELEONE, 2004), adequando-se aos padrões de qualidade ditados por ele. É nesse contexto que se torna interessante ter profissionais especializados na área, a fim de pesquisar as percepções do consumidor, a quem o produto é direcionado, além do controle de qualidade através da realização de análises visando atender os parâmetros vigentes na legislação.
Diante dos desafios da cadeia produtiva de bebidas alcoólicas, o desenvolvimento do setor na região do Planalto Sul Catarinense, o número de empresas vinícolas instaladas e também de cervejarias de grande (AMBEV) e pequeno porte (cervejarias gourmet) na região tem-se observado grande demanda e interesse por um curso de especialização na área de produção e controle de qualidade de bebidas alcoólicas a fim de proporcionar conhecimento e alavancar o crescimento e o desenvolvimento da região.
A oferta dessa especialização no IFSC - Câmpus Urupema justifica-se devido ao mesmo já ofertar cursos de graduação nos eixos de Produção Alimentícia e Recursos Naturais, como Curso Superior de Tecnologia (CST) em Viticultura e Enologia, CST em Alimentos e Especialização em Manejo de Pomares de Macieira e Pereira. A especialização proposta se articula com o eixo Produção Alimentícia e tem o intuito de oportunizar aos estudantes e demais agentes envolvidos na produção de bebidas alcoólicas da região da Serra Catarinense e em todo estado um conhecimento especializado em relação aos processos bioquímicos da produção de bebidas alcoólicas bem como no controle de qualidade do processo produtivo e gerenciamento e inovação na indústria.
Este curso tem como objetivo formar profissionais qualificados na área de Tecnologia de Bebidas Alcoólicas para o exercício das atividades de tecnologias relacionadas ao processamento e análise destes produtos.
Os objetivos específicos são:
a) Capacitar profissionais para o exercício de atividades práticas industriais relacionadas ao processo de produção, armazenamento e comercialização de bebidas alcoólicas;
b) capacitar profissionais para o desenvolvimento de novos produtos;
c) habilitar profissionais para intervirem na qualidade produtiva de bebidas alcoólicas, a fim de propiciar a elaboração de produtos inócuos, com tecnologia apropriada e em conformidade com a legislação vigente;
d) contribuir para a melhoria da assistência técnica desempenhada por profissionais, no âmbito municipal, estadual e federal.
Campus Urupema Baixar Arquivo
SIGAA | DTIC - Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação - (48) 3877-9000 | © IFSC | appdocker3-srv2.appdocker3-inst228/03/2024 07:47