Projeto Político Pedagógico

Profissionais da Engenharia de Alimentos, Tecnologia de Alimentos, Química, Engenharia Química, Agronomia, Nutrição, Farmácia. (vide PPC)
A produção e o consumo de bebidas alcoólicas pelo homem estão intimamente ligados à sua evolução histórica, visto que a partir do momento que o homem deixou de ser nômade e iniciou as atividades agrícolas as primeiras formas rudimentares de bebidas alcoólicas surgiram. As civilizações que habitavam a região da Mesopotâmia e Egito começaram uma produção doméstica de cereais que servia para produção de pão e cerveja.
O vinho foi a bebida símbolo do povo grego e romano, sendo a base do comércio marítimo em diferentes épocas. Conhaque, rum, uísque e outros destilados tornaram-se importantes a partir do renascimento. Assim como na história mundial, no Brasil a produção de cana-de-açúcar e cachaça caracterizou o período colonial do nosso país (STANDAGE, 2005).
A indústria de bebidas constitui um importante setor econômico em diversos países, com dezenas de milhares de empregos distribuídos em todo o território (VIANA, 2020). Com o isolamento social causado pela pandemia da COVID-19, mudanças que já estavam em curso foram aceleradas e novos movimentos começaram a se impor. A venda de bebidas alcoólicas chegou a subir 93,9%, com 248,9 mil compras on-line realizadas entre fevereiro
e maio de 2020. Com isso, neste período, o faturamento do setor cresceu 102,4%. A receita média gerada per capita no consumo de bebidas em geral em 2020 foi de US$ 184,26 (SEBRAE, 2020).
Atualmente, o Brasil é o quarto país que mais consome bebidas alcoólicas no mundo, atrás apenas da China, dos Estados Unidos e do Japão, com cerca de 14,04 milhões de litros consumidos por ano nos últimos dois anos (AGORAMS, 2021). Esse mercado movimenta anualmente milhões de reais em termos de faturamento e geração de empregos diretos e indiretos. Além disso, a venda de bebidas alcoólicas proporciona elevada arrecadação de impostos, pois é um dos produtos mais taxados do país. De acordo com pesquisa realizada em 2015, a participação da região Sul do Brasil na indústria de bebidas alcoólicas era neste ano de 26% dos estabelecimentos e de 16% dos empregados (DEPEC, 2017), reforçando a representatividade e a importância do setor na economia da região Sul.
Dentre as bebidas alcoólicas de maior destaque no Brasil cita-se a cerveja, a cachaça e o vinho (ACSELRAD, 2012). Em decorrência da alta competitividade e do aumento crescente de novas empresas, a intensa concorrência necessita frequentemente de novos produtos, estratégias de mercado e profissionais capacitados (VIANA, 2020). Neste contexto, a produção de vinho no Brasil está em plena expansão e diferentes regiões produzem uva e seus derivados, com destaque para os estados da região sul que são responsáveis por produzirem em torno de 90% da produção nacional. Em 2019 o país
produziu um total de 1.416,9 toneladas de uva, das quais a maior parte foi destinada para
processamento (MELO, 2016; SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURA DE SANTA CATARINA,
2018-2019).
Em Santa Catarina a produção de uvas e vinhos passou a ter maior destaque no
cenário nacional após os anos 2000 quanto a vitivinicultura foi implantada nas regiões de
altitude do estado, com destaque para os municípios de São Joaquim, Urubici e Urupema
os quais cultivam 51% dos 332,5 hectares de vinhedos de altitude do Estado. Atualmente
este é um importante setor para a região do Planalto Sul de Santa Catarina, pois tem
oportunizado novos negócios, devido a exploração do enoturismo associada a produção
dos vinhos (SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURA DE SANTA CATARINA, 2015-2016).
Já a indústria da cerveja movimenta uma imensa rede que envolve desde a
pesquisa, o cultivo, o processamento e a comercialização de insumos e matérias-primas
até a entrega do produto ao consumidor final. É um setor que está preparado para acelerar
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o ritmo dessa expansão, o que significa uma demanda de profissionais da área para atender
as necessidades de inovação, de gestão e de produção.
O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produção de cerveja, atrás
apenas da China e dos Estados Unidos, segundo dados da Kirin Beer University. O setor
corresponde a 1,6% do PIB brasileiro e recolhe mais de R$ 21 bilhões em tributos em todo
o país. Nos últimos dez anos, a produção nacional cresceu a uma taxa média de 5% ao
ano, demonstrando um mercado de muitas possibilidades (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA
INDÚSTRIA DA CERVEJA, 2021). Em 2019, o Brasil chegou a
1.209 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), distribuídas por 26 unidades da federação, um crescimento de 36% em relação a
2018. Os cinco estados com maior número de cervejarias cadastradas são São Paulo (241),
Rio Grande do Sul (236), Minas Gerais (163), Santa Catarina (148) e Paraná (131)
(ANUÁRIO DA CERVEJA, 2019). Além de se destacar pela produção de cervejas,
atualmente o Estado de Santa Catarina está em crescente expansão na produção de lúpulo,
uma matéria-prima fundamental para elaboração desta bebida, fator este importante pois
até pouco tempo todo lúpulo empregado nas indústrias cervejeiras eram importados.
Em relação aos destilados, praticamente toda a produção de cachaça do Brasil é
consumida no mercado interno, sendo a cachaça o destilado mais consumido no país
ocupando o segundo lugar entre as bebidas alcoólicas, ficando atrás somente da cerveja.
Seu consumo é quase 5 vezes maior que outros destilados como o whisky (348 milhões de
litros) e a vodca (270 milhões de litros) (GOMES, 2017). As exportações, hoje em torno de
15 milhões de litros, revelam um número ainda pequeno se comparado à produção (cerca
de 1% do total produzido), mas com enorme potencial a ser explorado pela indústria.
O nível tecnológico utilizado no processo de elaboração de bebidas alcoólicas no
Brasil é compatível aos dos países desenvolvidos. O emprego de tecnologia têm
proporcionado uma grande evolução qualitativa na produção de vinhos, cervejas, destilados
e outros derivados alcoólicos, no entanto o grande desafio para o avanço deste setor é a
disponibilidade de mão de obra capacitada que possa atuar de forma a proporcionar
inovação, atendendo as demandas de qualidade e os requisitos legais existentes
atualmente, contribuindo diretamente para o desenvolvimento do país.
A qualidade é um instrumento fundamental para se obter vantagens no mercado
competitivo, pois ela influencia o comportamento do mercado. Logo, se faz necessário ter
informações acerca das características do produto, de modo que este possa satisfazer as
necessidades e expectativas do consumidor (CAPORALE; MONTELEONE, 2004),
adequando-se aos padrões de qualidade ditados por ele. É nesse contexto que se torna
interessante ter profissionais especializados na área, a fim de pesquisar as percepções do
consumidor, a quem o produto é direcionado, além do controle de qualidade através da
realização de análises visando atender os parâmetros vigentes na legislação.
Diante dos desafios da cadeia produtiva de bebidas alcoólicas, o desenvolvimento
do setor na região do Planalto Sul Catarinense, o número de empresas vinícolas instaladas
e também de cervejarias de grande (AMBEV), médio e pequeno porte na região tem-se
observado grande demanda e interesse por profissionais especializados na área de
produção e controle de qualidade de bebidas alcoólicas. A especialização em Tecnologia
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de Bebidas Alcoólicas tem o intuito de oportunizar aos estudantes, e demais agentes
envolvidos na produção de bebidas alcoólicas da região da Serra Catarinense e em todo
Estado, um conhecimento especializado em relação aos processos bioquímicos da
produção de bebidas alcoólicas bem como no controle de qualidade do processo produtivo
e gerenciamento e inovação na indústria.
O IFSC - Câmpus Urupema oferta cursos nos eixos de Produção Alimentícia e
Recursos Naturais como Curso Superior de Tecnologia (CST) em Viticultura e Enologia,
Curso Superior em Engenharia de Alimentos (aliada à Engenharia Química no câmpus
Lages), Curso Técnico em Alimentos e Mestrado Profissional em Viticultura e Enologia. A
oferta dessa especialização no IFSC - Câmpus Urupema iniciou em 2018, na modalidade
presencial, complementando a verticalização do ensino do IFSC Câmpus Urupema
mediante articulação com o eixo Produção Alimentícia. A especialização em Tecnologia de
Bebidas Alcoólicas oferta a cada dois anos 20 vagas, sendo que nos seus dois primeiros
ingressos, 100% das vagas foram preenchidas. Todavia, ao longo do curso observa-se
algum grau de desistência dos estudantes, sendo que atualmente o índice de permanência
e êxito do curso é de 65%. Dentre os motivos de desistência, destaca-se a dificuldade de
participar presencialmente a cada quinze dias, dos encontros presenciais no câmpus
Urupema. Verificou-se que o público interessado no curso não é apenas regional,
atendendo estudantes de outras regiões de Santa Catarina, bem como de outros estados
como Paraná e Rio Grande do Sul.
O Projeto Pedagógico de Curso (PPC) é um documento norteador para o
desenvolvimento da especialização, que precisa ser revisado pelo coletivo docente, para
manter-se sempre atualizado frente às demandas de ensino, público alvo, diretrizes
institucionais entre outros desafios. Em 2020, os processos de ensino e aprendizagem
foram modificados em função do distanciamento social necessário devido à pandemia de
COVID-19. Durante este processo verificou-se que o curso de especialização em
Tecnologia de Bebidas Alcoólicas poderia ampliar sua abrangência se alterasse de
modalidade presencial para à distância (EaD) com encontros presenciais apenas para
avaliações e atividades práticas em laboratórios específicos. A oferta do referido curso na
modalidade à distância favorece a participação de discentes residentes em outros
municípios e Estados e que pode contribuir de forma positiva para redução da evasão
dentro da Instituição.
Assim, justifica-se a necessidade de alteração do PPC do curso de especialização
em Tecnologia de Bebidas Alcoólicas, buscando atender as demandas do público alvo, e
revisar sua matriz curricular e carga horária para atendimento às diretrizes institucionais,
garantindo um ensino público de qualidade.
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