Projeto Político Pedagógico

O Técnico em Serviços e Produtos Bilíngues (Libras/Português) será habilitado para: ● Executar atividades de atendimento acessível ao cidadão surdo nas diversas áreas do atendimento ao público e ao consumidor. ● Auxiliar a criação e inovação de produtos que atendam às normas de acessibilidade linguística para pessoas surdas. ● Prestar suporte e apoio técnico a profissionais da área de tradução e interpretação de Libras. Para atuação como Técnico em Serviços e Produtos Bilíngues (Libras/Português), são fundamentais: ● Conhecimentos e saberes relacionados ao atendimento ao cidadão, com destaque para o cidadão surdo, à acessibilidade linguística e cultural das pessoas surdas. ● Compreensão sobre as legislações e diretrizes que regem as relações entre empresa, consumidor e usuário. ● Atuação de forma proativa nos serviços de atendimento ao público surdo. ● Criatividade e qualidade na criação e para inovação de produtos e serviços que envolvam o par linguístico Libras e Português

O Técnico em Serviços e Produtos Bilíngues têm como campo de atuação os seguintes locais e ambientes de trabalho: Serviços de Atendimento ao público surdo. Atendimento Digital acessível. Estúdios de produção de vídeos em Libras. Serviços de apoio à tradução e interpretação de Libras/Português. Consultoria de Língua Brasileira de Sinais

1. Compreender os debates sobre multiculturalismo, cidadania ativa, diversidade, direitos humanos e linguísticos.

2. Atuar em organizações e empreender na área de produção e serviços em Libras, colocando-se de forma ética e sustentável em sua relação com o mundo do trabalho e o desenvolvimento tecnológico.

3. Promover soluções e ideias para desenvolver novos produtos e serviços bilíngues (Libras/Português).

4. Compreender as etapas de um projeto/proposta, por meio de metodologias e ferramentas adequadas.

5. Desenvolver projetos e propor ideias de acordo com a necessidade da organização e do usuário, considerando aspectos comunicacionais, éticos, de usabilidade e acessibilidade.

6. Realizar suporte técnico nos canais de atendimento ao público surdo, em Libras.

As propostas curriculares do Câmpus Palhoça Bilíngue, situadas no contexto maior do IFSC, preconizam o processo ensino-aprendizagem como formação de sujeitos capazes de atuar e modificar a sociedade na qual estão inseridos. Desse modo, independente das peculiaridades de cada curso ofertado, o currículo fundamenta-se na prática dialógica e no desenvolvimento de ações e de vivências favorecedoras de autonomia e imbuídas de valores, como a solidariedade e a ética. Nessa mesma perspectiva e considerando-se a especificidade deste câmpus, as propostas curriculares alinham-se, ainda, a um segmento do pensamento pedagógico voltado à superação da visão clínica da surdez nos campos institucional, social e cultural, possibilitando ao surdo resgatar sua cultura e seu papel político na construção de uma sociedade em que a diferença seja realmente reconhecida. Assim, parte-se do pressuposto de que todas as ações do câmpus pautam-se sempre pelo reconhecimento político e cultural do surdo, garantindo-se a esse público: 1. a oferta de metodologias visuais que permitam o acesso ao conhecimento a partir de sua primeira língua – a Libras; 2. a promoção e a divulgação da sua cultura; e 3. o estímulo ao uso do português, na modalidade escrita, como segunda língua. Nessa perspectiva, o curso foi organizado para proporcionar uma formação técnica integrada ao ensino médio voltada para o público surdo. Trata-se de um curso com carga horária de 3000 horas na modalidade presencial e ocorrerá no turno vespertino, com períodos de aula no contraturno, sendo dois períodos no primeiro e segundo ano, e um período no terceiro ano. A matriz curricular do curso é composta por: a) disciplinas da cultura geral; b) disciplinas da área técnica e c) disciplinas do núcleo politécnico comum (NPC). As disciplinas do NPC correspondem aos Projetos Integradores (PI), as quais têm como objetivo proporcionar uma interação nas mais diversas áreas de conhecimento, seja para explorar temas transversais e/ou aspectos mais relacionados à formação técnica. No que se refere à proposta bilíngue, o currículo do curso prevê em diferentes disciplinas a abordagem dos aspectos relacionados aos movimentos surdos, história dos surdos e cultura surda. Como se trata de um curso experimental, o acompanhamento da implantação do curso ocorrerá da seguinte forma: ● Implantação de um Grupo de Trabalho permanente com atribuição de acompanhamento mensal no processo de concepção, consolidação e contínua atualização do projeto pedagógico do curso. O Grupo de Trabalho será composto por docentes atuantes no curso, um membro da coordenadoria pedagógica e coordenadoria do curso. ● Todas as ações de acompanhamento serão registradas em ata e ao final de cada ano a publicação de um relatório com as ações concretizadas e os resultados alcançados. ● O Grupo de Trabalho buscará parcerias com as empresas da área do curso com intuito de capacitar os professores sobre as mudanças no mercado de trabalho e assim contribuir para atualização do currículo do curso. ● Ao final de cada ano será aplicado um questionário aos docentes e estudantes sobre o andamento do curso, conteúdos ministrados e metodologias empregadas. As respostas dos questionários irão compor o relatório anual do curso. Além do mais, as aulas serão ministradas a partir da proposta de educação bilíngue para surdos, considerando as características linguísticas e culturais dos estudantes surdos. Sendo assim, os materiais utilizados em aula serão disponibilizados em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o Português na modalidade escrita, priorizando os recursos e estratégias visuais de ensino. Conforme o Relatório sobre a Política Linguística de Educação Bilíngue – Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa: Para a pessoa surda, a relevância dos aspectos visuais traz como consequência a invenção de artefatos culturais que usam a visão, como seja: a língua de sinais, a imagem, o letramento visual ou leitura visual. Esses artefatos são importantes para criar o ambiente necessário ao desenvolvimento da identidade surda e requerem o uso de mecanismos adequados para sua presença acontecer, tendo em vista que se diferencia constituindo significantes, significados, valores, estilos, atitudes e práticas (MEC/SECADI, 2014, p.13). Nesse sentido, as aulas em Língua Brasileira de Sinais como primeira língua e Português escrito como segunda língua buscarão incentivar o processo de criação a partir de referência da experiência visual e da língua de sinais. Mas, o que seria a experiência visual que tanto preconizamos na educação de surdos? De acordo com Skliar (2001 apud LEBEDEFF, 2010), a experiência visual dos surdos ultrapassa as questões linguísticas, pois se refere aos mais variados tipos de significações comunitárias e culturais, como o uso de metáforas visuais e humor visual. Conforme Quadros e Cruz (2011), a maioria das crianças surdas nasce em lares de pais ouvintes e, em muitos casos, acabam tendo contato com a língua de sinais tardiamente. Sendo assim, tendo em vista as distintas experiências linguísticas vivenciadas pelos alunos surdos, o curso prevê a oferta de atividades de ensino que visem promover a aquisição e aperfeiçoamento da Língua Brasileira de Sinais, o qual poderá acontecer em cursos de formação inicial e continuada (FICs) ou através de estratégias específicas organizadas pela Coordenação Pedagógica e Coordenadoria do Curso. Quanto ao ensino médio integrado, busca-se a oferta de sólida formação geral não dissociada da formação técnica, a partir da articulação entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura, pautada no trabalho como princípio educativo e na pesquisa como princípio pedagógico. Assim, para a promoção dessa integração, no que se refere mais especificamente à organização curricular do presente curso, a matriz é composta por unidades de formação geral e técnica, abordadas em uma perspectiva Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Os temas transversais serão explorados em todos os componentes curriculares do curso. Sendo assim, as aulas e outras atividades como palestras, exposições, seminários, saídas de campo e outras iniciativas abordarão os temas contemporâneos transversais previstos na BNCC. O objetivo é que os temas como matrizes históricas e culturais brasileiras, diversidade cultural, educação financeira, direitos da criança e do adolescente, educação alimentar e nutricional e outros assuntos atuais sejam abordados nas diversas disciplinas e possibilitem a ampliação do conhecimento de forma articulada ao contexto social dos alunos. Além da abordagem intradisciplinar, isto é, nos componentes curriculares, o presente projeto prevê também um trabalho específico voltado para os temas transversais no Projeto Integrador I (detalhado na ementa). Além das disciplinas propedêuticas e técnicas, o projeto contempla no Núcleo Politécnico Comum, a integração dos conhecimentos por meio das disciplinas de Projeto Integrador, as quais serão ofertadas nos três anos de curso. De acordo com Machado (2010), trabalhar com projetos favorece a relação entre a teoria e a prática, por meio de um ensino baseado na resolução de problemas, que “estimula a mobilização e a articulação de diferentes recursos e conhecimentos, incorporando os conteúdos à medida da necessidade do desenvolvimento do projeto”. (MACHADO, 2010, p.93)4 No primeiro ano, a disciplina de Projeto Integrador: temas transversais, busca explorar os “Temas contemporâneos transversais na BNCC”: ciência e tecnologia; multiculturalismo; cidadania e civismo; saúde; economia e meio ambiente. No segundo ano, a disciplina de Projeto Integrador: serviços bilíngues tem como proposta aproximar o aluno do mercado de trabalho, especificamente das empresas que prestam serviços de atendimento acessível. Por fim, no terceiro ano, a disciplina de Projeto Integrador: produtos bilíngues visa integrar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso na criação de um produto. O enfoque CTS adotado não será trabalhado em uma disciplina específica, mas sim por todos os professores de forma individual, enfocando as relações CTS pertinentes aos seus conteúdos, e também interdisciplinar, nos projetos comuns a mais de uma disciplina. A intenção é propiciar um campo de conhecimento em que a socialização e a construção de conhecimentos se deem em forma de rede, mediante a problematização, reflexão e análise de temas de relevância sociais vinculadas, sempre que possível, à área de atuação profissional. No que diz respeito à abordagem CTS, há de se ressaltar que sua origem reivindica um redirecionamento tecnológico que – ao se contrapor à visão tecnocrata e determinista de que o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico conduz, linear e automaticamente, ao bem-estar social – passou a postular algum controle da sociedade sobre a atividade científico-tecnológica (AULER e BAZZO, 2001). Um ensino de Ciências dentro da perspectiva da CTS pressupõe o rompimento com a educação unidirecional, transmissiva, avançando para a promoção do letramento científico e tecnológico que permita ao aluno ser governante de sua vida profissional e social. Assim, face à concepção da formação integrada, o enfoque CTS desponta como possibilidade de promover uma educação profissional, que, reconhecendo a centralidade do trabalho no processo de formação humana, direcione a prática educativa em torno da articulação entre ciência, tecnologia e sociedade, garantindo ao aluno tanto o domínio dos fundamentos científicos e tecnológicos que dominam a produção moderna quanto o entendimento das relações sociais determinantes desse desenvolvimento científico e tecnológico.

3. Chefe DEPE: Renato Messias Ferreira Calixto depe.phb@ifsc.edu.br (48) 3341-9731

Conforme estabelecido no Art. 45 da Resolução CNE/CP no 01/21, a avaliação da aprendizagem na educação profissional deve ser diagnóstica, formativa e somativa, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos. Ela tem por objetivo a progressão do discente para o alcance do perfil profissional de conclusão. De acordo com o Regulamento Didático-Pedagógico (RDP) do Instituto Federal de Santa Catarina, a avaliação compreende o diagnóstico, a orientação e a reorientação de ensino e aprendizagem tendo em vista a construção dos conhecimentos. Para isso, diferentes instrumentos de avaliação podem ser utilizados para estimular o aluno à pesquisa, reflexão, iniciativa, criatividade, laboralidade e cidadania. O presente curso prevê o uso dos diferentes tipos de avaliação contidos na RDP, como: a) observação diários dos alunos pelos professores, em suas diversas atividades; b) trabalho de pesquisa individual ou coletiva; c) testes e provas escritos e em Língua Brasileira de Sinais; d) entrevistas e arguições; e) resolução de exercícios; f) planejamento ou execução de experimentos ou projetos; g) relatórios referentes aos trabalhos, experimentos ou visitas técnicas; h) atividades práticas referentes àquela formação, i) realização de eventos ou atividades abertas à comunidade; j) autoavaliação descritiva e avaliação pelos colegas da classe e, l) demais instrumentos que a prática pedagógica indicar. Além das orientações apresentadas no referido documento, as avaliações realizadas no presente curso atendam às orientações relacionadas ao processo avaliativo dos alunos surdos, em razão de sua especificidade linguística. O Decreto nº 5626/2005, em seu artigo 14, dispõe sobre a obrigatoriedade de garantir às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades da educação. Além disso, menciona que as instituições federais de ensino devem “adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade linguística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa” e “desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos” (BRASIL, 2005). Desse modo, a avaliação da aprendizagem no Curso Técnico Integrado em Serviços e Produtos Bilíngue seguirá os preceitos legais. Ela será processual e fornecerá subsídios para replanejar as atividades pedagógicas e as estratégias de ensino, possibilitando o acompanhamento dos avanços e transformando os limites e as dificuldades em desafios. Propõe-se, assim, uma avaliação de caráter diagnóstico e formativo, que subsidie as mudanças no processo ensino-aprendizagem. Para evidenciar as potencialidades dos educandos, a avaliação será viabilizada por instrumentos construídos ao longo do curso e compatíveis com as competências e habilidades referentes ao projeto. A avaliação dos objetivos e conteúdos exige novos procedimentos de aluno e professor, assim como planejamento de situações e elaboração de instrumentos caracterizados pela interdisciplinaridade e contextualização de conhecimentos. A avaliação ocorrerá durante o processo e deverá acompanhar o desenvolvimento do aluno na obtenção das competências requeridas no exercício de sua profissão. Face ao exposto e ao que está previsto no Regulamento Didático Pedagógico – RDP, ao final de cada Unidade Curricular será atribuído notas inteiras de 0 até 10 (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10) para cada aluno. Ao final de cada unidade, será aprovado o(a) aluno(a) que obtiver conceito final igual ou superior a 6,0 em todos os aspectos analisados conforme os objetivos propostos no plano de ensino, bem como frequência igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) das aulas. O conselho de classe é parte do processo de avaliação de ensino e aprendizagem e ocorrerá em conformidade com o Regulamento Didático Pedagógico do Instituto Federal de Santa Catarina. Segundo o documento supracitado, os cursos técnicos devem ter, pelo menos, dois conselhos durante o período letivo, sendo um conselho intermediário e um conselho final. Os conselhos de classe realizados no decorrer do ano buscam contribuir para a avaliação de todo o processo de aprendizagem e refletir acerca de ações educativas.

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